terça-feira, 7 de junho de 2011

"Imperfeituar", poema inédito de Paula Fonseca imagem:"google"


Estimados amigos e leitores, uma vez mais, em homenagem ao meu pai e ao meu avô paterno, de quem a vida (fisicamente) me separou, há meses, publico, hoje, dia 7, esta composição poética que intitulei de "Imperfeituar".

Numa sociedade que, sofregamente, instiga à "perfeição", eu, modestamente, faço um apelo à "(im)perfeição". Não se trata de defender o "erro", mas o de assumi-lo/reconhecê-lo e de agir sobre ele, num caminho cheio de pedrinhas, pedregulhos, vales e montanhas, desertos e oásis a que, geralmente, chamamos de ... vida...

Não posso finalizar sem antes agradecer, com elevada comoção, o imenso afeto que têm demonstrado com os vossos comentários e mensagens. Guardo-os a todos. São, também eles, relíquias do meu tesouro infinito.


Imperfeituar



O que é isso da perfeição?

Ter olhos azuis da cor do mar?

Exibir um rosto único, sem par?

Voz sempre maviosa ao falar?

Caber num corpo estonteante?

Revelar-se uma mente brilhante?

Ostentar porte elegante?

Ter modos de monarca reinante?

Ser artista de obras peculiares?

Ser escritor de contos singulares?

Pertencer aos músicos invulgares?

Resignar-se com o infortúnio e aceitar?

Contestar o instituído e ruído provocar?



Ser perfeito ou enfim perfeituar

é estar terminado,

é estar encerrado

na sua origem

de tempo verbal passado…

O Pretérito Perfeito já passou

é um tempo que já acabou!

Imperfeituar é assim imperativo,

pois o erro sem qualquer sentido

é não viver por medo de errar!

Imperfeituar é estar em construção

é assumir-se em contínua evolução!

Imperfeituar é reconhecer

o tanto que falta para terminar

na viagem única de cada ser…



Paula Fonseca

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