segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Ser", poema inédito de Paula Fonseca

Ser
Sou apenas réstia de saudade
de algo que ainda não fui...
Sou, também, na verdade
um pouco de meu passado
que se envolve no presente
de um ser ainda ausente!
Serei menos
do que um nano de nada
e um pouco mais
do que um nada de tudo...
Sou, assim, talvez,
aquilo que vês
e o que ainda não vês
será todo o resto de mim...
Paula Fonseca

2 comentários:

  1. Olá, Paula...
    E o que é a saudade, senão o amor que fica...
    E não é o passado, aquele que cria o presente, portanto nunca ausente...
    E não tem a menor particula, o mesmo que contém o Universo...
    E, então, como pode você, Ser de tão delicada presença, conter tal infinita grandeza?

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  2. Meu amigo muito querido, Paulo Pereira

    Sou grata pelo comentário e pela atenta leitura do poema. Hoje, particularmente, sinto uma indesejada presença da minha ausência deste mundo. É como se estivesse à parte. Como se não pertencesse nem aqui nem a lugar nenhum. Como se não fosse nada e fizesse compulsivamente parte de um tudo que, neste instante, rejeito e repudio. Sei que, em 5 minutos, a minha paixão pelo mundo retorna e voltarei a ver-me refletida num pedaço de céu e numa onda do mar, mas, neste instante, fugaz, espero, o vazio assoma trata de me engolir para ser uma parte dele e sendo uma parte dele, sou como ele - o vácuo. Esvazio-me... Perdoe-se-me o tom melodramático/tétrico, mas esta questão muito pessoana do "ser", às vezes, transtorna-me. É tão difícil "ser" e ter uma representação fiel de si, sem conter as lágrimas de medo e de insegurança. É tão complexo "ser-se". Se fosse algo facultativo, hoje, eu optaria por ... não ser... não ser ninguém...não ser um resquício de vontades do "ego"...não ser fruto de um plano para o futuro...e ser apenas um portal para uma dimensão de alegria!
    Bjinhs semelhantes a um nota de música com vontade de se tornar melodia!

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