
Estimados amigos e leitores, uma vez mais, em homenagem ao meu pai e ao meu avô paterno, de quem a vida (fisicamente) me separou, há meses, publico, hoje, dia 7, esta composição poética que intitulei de "Imperfeituar".
Numa sociedade que, sofregamente, instiga à "perfeição", eu, modestamente, faço um apelo à "(im)perfeição". Não se trata de defender o "erro", mas o de assumi-lo/reconhecê-lo e de agir sobre ele, num caminho cheio de pedrinhas, pedregulhos, vales e montanhas, desertos e oásis a que, geralmente, chamamos de ... vida...
Não posso finalizar sem antes agradecer, com elevada comoção, o imenso afeto que têm demonstrado com os vossos comentários e mensagens. Guardo-os a todos. São, também eles, relíquias do meu tesouro infinito.
Imperfeituar
O que é isso da perfeição?
Ter olhos azuis da cor do mar?
Exibir um rosto único, sem par?
Voz sempre maviosa ao falar?
Caber num corpo estonteante?
Revelar-se uma mente brilhante?
Ostentar porte elegante?
Ter modos de monarca reinante?
Ser artista de obras peculiares?
Ser escritor de contos singulares?
Pertencer aos músicos invulgares?
Resignar-se com o infortúnio e aceitar?
Contestar o instituído e ruído provocar?
Ser perfeito ou enfim perfeituar
é estar terminado,
é estar encerrado
na sua origem
de tempo verbal passado…
O Pretérito Perfeito já passou
é um tempo que já acabou!
Imperfeituar é assim imperativo,
pois o erro sem qualquer sentido
é não viver por medo de errar!
Imperfeituar é estar em construção
é assumir-se em contínua evolução!
Imperfeituar é reconhecer
o tanto que falta para terminar
na viagem única de cada ser…
Paula Fonseca
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